sábado, 25 de abril de 2015

Bailes da Corte Brasileira: Nem só de pesadas obrigações vivia O Rei.



Pensar em D. Pedro II com esta volumosa barba nos remete a um clima de sobriedade, onde a diversão não tem lugar. Mas nem só de pesadas obrigações viveu o Império do Brasil. Como referência final da opulência e festividade na Corte temos o famoso “Baile da Ilha Fiscal” em 9 de novembro de 1889. Este com enorme significado de despedida da Família Real, pois poucos dias depois foi proclamada a República no Brasil.
                                                    (Baile da Ilha Fiscal_ Francisco Figueiredo, 1905)

     A história dos bailes começa com a chegada da Família Real ao Brasil em 1808. Já em 1810 D. João VI mandou trazer de Portugal um maestro de dança para ser responsável pelos espetáculos da Capela Real. Também mandou vir um maestro para ministrar aulas de música aos seus filhos, e este mesmo maestro (Marcos Portugal) passou a supervisionar e dirigir os teatros públicos. Veio também o dançarino e coreógrafo Luís Lacombe e seu irmão Lourenço Lacombe que foi professor de dança de D. Pedro II. A partir da estrutura montada com maestros e mestres de dança, compositores e diretores de espetáculos, os bailes da Família Real ganharam importância na formação de sociabilidades no Império. Tanto eram concorridos, que figurar entre os convidados significava prestígio e possibilidade de contatos com os mais importantes das cortes. Inúmeros foram os tipos de danças executados nos salões: minuetos, valsas, quadrilhas francesas, rill da Virgínia, gavotas, lanceiros, quadrilha diplomática, schotish, polca, galope, mazurca, etc...


     Havia todo um protocolo que organizava os estilos de danças e a ordem em que seriam executados, como deveriam se portar a damas e os cavalheiros presentes no baile, havia detalhes o momento em que deveriam se  dirigir á mesa para a hora dos “comes e bebes” e protocolo que regulava até ordem de chegada e saída das carruagens. Tudo isso muito bem explicado como no exemplo da “Etiqueta que se ha-de guardar pelos Senhores convidados para o Baile da noite do dia 24 corrente. Tipografia Régia, 1821 (Fundação Biblioteca Nacional).


     Em 15 de novembro de 1889 encerrou-se o capítulo do Império do Brasil e começou a ser escrita a História da República, mas não significou que os bailes também acabaram. Estes continuaram com ritos de sociabilidade, e logo que a poeira assentou os salões  reabriram  para dar início a fama do Rio de Janeiro como lócus da Boemia.

Para saber mais: ABREU, Martha. O Império do Divino – Festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro (1830-1900) Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1999.

Deibith Brito da Silva

Bibliografia:
COSTA, Maria L. Quem dança, o tédio espanta in Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 8, Nº 94, julho de 2013.