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Pensar em D. Pedro II com esta volumosa barba nos remete a
um clima de sobriedade, onde a diversão não tem lugar. Mas nem só de pesadas
obrigações viveu o Império do Brasil. Como referência final da opulência e
festividade na Corte temos o famoso “Baile da Ilha Fiscal” em 9 de novembro de
1889. Este com enorme significado de despedida da Família Real, pois poucos
dias depois foi proclamada a República no Brasil.
(Baile da Ilha Fiscal_ Francisco Figueiredo, 1905)
A história dos bailes começa com a chegada da Família Real
ao Brasil em 1808. Já em 1810 D. João VI mandou trazer de Portugal um maestro
de dança para ser responsável pelos espetáculos da Capela Real. Também mandou
vir um maestro para ministrar aulas de música aos seus filhos, e este mesmo
maestro (Marcos Portugal) passou a supervisionar e dirigir os teatros públicos.
Veio também o dançarino e coreógrafo Luís Lacombe e seu irmão Lourenço Lacombe
que foi professor de dança de D. Pedro II. A partir da estrutura montada com
maestros e mestres de dança, compositores e diretores de espetáculos, os bailes
da Família Real ganharam importância na formação de sociabilidades no Império. Tanto
eram concorridos, que figurar entre os convidados significava prestígio e
possibilidade de contatos com os mais importantes das cortes. Inúmeros foram os
tipos de danças executados nos salões: minuetos, valsas, quadrilhas francesas,
rill da Virgínia, gavotas, lanceiros, quadrilha diplomática, schotish, polca, galope,
mazurca, etc...
Havia todo um protocolo que organizava os estilos de danças
e a ordem em que seriam executados, como deveriam se portar a damas e os
cavalheiros presentes no baile, havia detalhes o momento em que deveriam
se dirigir á mesa para a hora dos “comes
e bebes” e protocolo que regulava até ordem de chegada e saída das carruagens.
Tudo isso muito bem explicado como no exemplo da “Etiqueta que se ha-de guardar pelos Senhores convidados para o Baile da
noite do dia 24 corrente. Tipografia Régia, 1821 (Fundação Biblioteca
Nacional).
Em 15 de novembro de 1889 encerrou-se o capítulo do Império
do Brasil e começou a ser escrita a História da República, mas não significou
que os bailes também acabaram. Estes continuaram com ritos de sociabilidade, e
logo que a poeira assentou os salões
reabriram para dar início a fama
do Rio de Janeiro como lócus da Boemia.
Para saber mais:
ABREU, Martha. O Império do Divino –
Festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro (1830-1900) Rio de
Janeiro: Nova Fronteira. 1999.
Deibith Brito da Silva
Bibliografia:
COSTA, Maria L. Quem dança, o tédio espanta in Revista de História da Biblioteca
Nacional. Ano 8, Nº 94, julho de 2013.
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